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Crónicas da Valéria - maio de 2017

 Crnica Maio Image 2017

Maio acaba de chegar ao fim, abrindo caminho para um dos melhores meses do ano (na minha opinião, pelo menos!), Junho. Olhando para trás, consigo dizer que este mês de Maio foi, para variar, até bastante engraçado, cheio de pequenas (mas grandes) experiências, e já com um cheirinho a Verão. As coisas que mais me marcaram nestes passados 30 dias foram a presença de um familiar cá, que eu já  nãovia  há 11 anos, sim, 11 ANOS, e uma pequena missão de “salvação” de um pequeno pássaro caído do seu ninho no pátio da escola, na manhã de uma quinta-feira. 
Ia com um grupo de amigos, na nossa corrida matinal à volta do complexo desportivo escolar, quando nos deparámos com um pequeno bichinho, aos saltos debaixo de uma árvore. Talvez outros o deixassem ficar, não sei. . . Mas nós recusámo-nos a abandonar aquele passarinho azul, visto até que já apareciam gaivotas em cima da árvore, prontas a almoçar.
Com a ajuda de um saco preso ao pescoço, um par de luvas e um escadote humano (literalmente), uma colega subiu a tal árvore aos poucos, cuidadosamente pousando o pássaro dentro do seu ninho. Mas claro, o pequeno é um cliente difícil. Nem 2 segundos depois, já tinha saltado para outro ramo. "Ó DESGRAÇADO FICA LÁ QUIETO! Não nos vais fazer perder mais 20 minutos de aula para caíres árvore abaixo outra vez pois não?!" Mas pronto, lá o deixámos em paz e voltamos para a tal aula, já com uma rede e bolas de vólei à nossa espera assim que chegámos.
Nesse mesmo dia voltei para casa para receber um familiar. Alguma vez experienciaram abraços tão apertados que quase vos saiu um pulmão pela boca fora?! . . .  . . .  . . .  . . .  . . . 
É verdade, nem eu; mas desta vez foi quase parecido. De certo modo, é estranho ver alguém de novo,  passada mais de uma década. Mas ainda é mais estranho quando essa pessoa mudou minimalmente, talvez apenas uns cabelos brancos a mais. . . mais nada. Não irei entrar em pormenores, mas quero dizer que esta visita deixou-me a pensar, e imenso. Este tal ente querido fez uma viagem de, aproximadamente, 9 horas totais para chegar cá. E porquê? Porque queria ver a sua família, após tantos anos de estar restrito a comunicar connosco apenas por um ecrã de um computador. E, entre outras coisas pelas quais passei enquanto ele estava cá, lembrei-me desse pássaro. É quase como uma comparação, o que irei dizer.
Nem quase, é mesmo.
        Nessa manhã de quinta-feira, enquanto tratávamos do pequeno animal, a sua mãe apareceu, vinda do nada, para assustar as gaivotas que já se reuniam e decidiam sobre o destino daquela pobre ave.  Um grupo de aproximadamente 4/5 gaivotas, rapidamente intimidado por uma única ave, sensivelmente com metade do seu tamanho. Achei muita graça no momento em que vi esta cena desenrolar-se em frente aos meus próprios olhos (e mesmo eu que tenho muita falta de vista, não houve qualquer dúvida do que estava a ver,  era realmente verdade!). Fazendo um pequeno paralelo com a minha própria situação:
      Tal como o meu familiar, essa “ave-mãe” deixou, provavelmente, tudo o que estava a fazer (talvez caçar) para estar presente naquele momento, e acudir a cria. Ambos percorreram grandes distâncias para ajudar um (ou mais) membros das suas famílias. E porquê? Apenas porque são família. Não só se veem estes laços entre pessoas ligadas pelo mesmo sangue, como também em amigos sem laços familiares, mas que se tornam quase irmãos com o passar do tempo.
    Tudo isto para chegar à conclusão de que devemos agradecer, e honrar a presença destes seres nas nossas vidas. Não interessa a situação, distância, o timing, etc. . . Eles estarão cá para nós quando mais necessitamos. Com eles, nunca nos sentiremos sozinhos. E, por muitos defeitos que lhes possamos apontar (e eu sei que por vezes pode ser chato, ter de aguentar com aqueles apertões de bochechas das nossas tias e ouvir a típica frase “Cresceste tanto!”), no final, são pessoas cruciais na nossa vida.  E, tirando proveito deste tema e situação, gostaria de me dirigir, de uma maneira vaga, a essas tais pessoas que estiveram lá para mim. As boas, as más, as mais-ou-menos, as menos-ou-mais! Obrigado por fazerem (ou terem feito) parte da minha vida. Fizeram-me a pessoa que sou hoje, com todos os bons, ou maus momentos. Ensinaram-me coisas, boas, ou menos boas. Mesmo assim, tenho-vos em consideração, e tenho-vos, para sempre,
no meu coração.
 
 
Texto de Valéria Tabacaru – 10ºC


Coordenação e revisão: professor Fernando Ildefonso

 

Sobre o autor

Helena Vieira é professora de Matemática, do Quadro de Nomeação Definitiva da Escola Secundária Gil Eanes. É fundadora e coordenadora do 'Notícias do Gil' desde que o criou, em 2008. Leia Mais sobre o autor >>>

 

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