Dunas: muito mais do que divãs

Alunos do 5.º ano da Escola das Naus aprendem nas dunas da Meia-Praia a importância do ecossistema que os rodeia. Projeto envolve várias disciplinas e conta com a colaboração da Escola Azul e da associação ambientalista “A Rocha”.

Quem acha que a sala de aula é o único local de aprendizagem está completamente enganado. No projeto educativo de uma criança ou jovem, nada supera o contacto com a realidade, sobretudo aquela que está ali mesmo do outro lado da rua.

Imbuídos nesse espírito, professores de várias disciplinas da Escola das Naus deram as mãos e meteram-nas na “massa”, ou seja, criaram um projeto comum que envolve vários quadrantes pedagógicos e, até final do ano letivo, irá levar todos os alunos do 5.º ano a conhecer as dunas da Meia-Praia e todo o ecossistema que as envolve.

No passado dia 15, as turmas do 5.º C e 5.º E deram o “pontapé de saída” e, a julgar pela reação dos mais pequenos, a aceitação não podia ser maior. As atividades propostas passavam por, numa primeira fase, conhecer as dunas, a sua importância estratégica na preservação da linha de costa e os animais que nelas habitam ou se reproduzem. Com o apoio dos técnicos da “Rocha”, os mais novos puderam conhecer “in loco” espécies animais e vegetais que compõem o cordão dunar.

A importância das dunas

Ao contrário do que diz a música dos GNR, as dunas são muito mais do que divãs. Para aves, répteis, insetos e até mamíferos, são mesmo a única casa que têm, pois há espécies autóctones que só se desenvolvem nesta zona do mundo.

Como se não fosse suficiente, as dunas são o garante da contenção da faixa costeira, elemento vital numa altura em que o mundo, por via do aquecimento global, é confrontado diariamente com a subida dos níveis médios da água do mar.

Foi tudo isso e muito mais que os mais novos aprenderam, sempre atentos às explicações dadas por quem faz da defesa deste território a sua missão. Além disso, os alunos puderam ainda fazer construções artísticas na areia, inseridas na disciplina de Educação Visual, com temas relativos aos assuntos estudados em sala de aula, nomeadamente a obra “Rapaz de Bronze”, de Sophia de Mello Breyner, estudada nas aulas de Português, formas geométricas, em Matemática, ou os pontos cardeais, em História e Geografia.

Se pensarmos que a ação remete imediatamente para o programa de Ciências, para os projetos apoiados pela Escola Azul e ainda para os conteúdos programáticos de Cidadania, faltava apenas a Educação Física para fechar o ciclo. Pois bem, o mergulho nas águas da Meia-Praia e alguns conceitos de natação em águas abertas fecharam o lote de disciplinas abraçadas.

Melhor era difícil!